O Parto Natural

O parto é uma experiência que fica na memória dos pais durante toda a vida, por isso é importante decidir o que quer para este dia. O parto natural é uma opção, saiba o que implica este tipo de parto.

Com o passar dos anos, o ato de dar à luz tornou-se cada vez mais medicalizado, despindo muitas vezes a mulher e o homem deste seu papel de protagonistas do seu próprio parto, limitando as suas posições ou desejos, e impondo-lhe procedimentos invasivos e muitas vezes desnecessários.

O parto natural tem o mínimo de intervenção de profissionais de saúde, sendo diferente dos partos ditos “normais” que são partos vaginais não instrumentados, mas em que existem algumas intervenções mais invasivas para, por exemplo, acelerar ou iniciar o trabalho de parto.

Para ter um parto natural é importante que faça grande parte do trabalho de parto em casa, preferencialmente acompanhada por uma enfermeira especialista em saúde materna e obstetrícia, e só deverá dirigir-se ao hospital já numa fase mais avançada, se for este o local desejado para parir. O parto natural, dependendo do corpo da mulher, pode ser mais demorado, devido à tensão e à dor que a mulher sente, por outro lado, caso consiga controlar o seu medo e tensão, o parto poderá desenrolar-se mais rapidamente.A futura mãe deve ter conhecimento dos seus direitos e deve planear o seu parto. No entanto, deve também ter consciência que, por vezes, caso a vida da mãe ou do bebé esteja em perigo, o parto pode não ser o idealizado, mas sim o necessário para salvar vidas. Claro que a equipa que estiver a assistir ao parto explicar-lhe-á a sua situação, e a última decisão será sempre do casal.

O parto natural implica que estejam reunidas as condições para um parto vaginal, ou seja, o bebé tem de estar de cabeça para baixo e não pode ser muito grande, não poderá ter mais de 41 semanas, caso contrário terá de ser realizada uma indução do trabalho de parto. A mulher terá de escolher não fazer analgesia epiduralnão pode ter doenças ou problemas que possam comprometer o seu bem-estar ou do bebé, e tudo decorre o mais naturalmente possível com o mínimo de intervenção.

Se for parir num hospital pode não ter soro mas por segurança terá um cateter por onde é possível dar medicação, caso ocorra uma complicação, a bolsa de águas rebentará espontaneamente, e não deverá ser colocada ocitocina, uma medicação que aumenta as contrações do útero e acelera o trabalho de parto.

A condução do trabalho de parto será feita por si e pela natureza. Neste tipo de partos a mulher tem liberdade de movimentos e ajuda no trabalho de parto tomando duches de água quente, para aliviar a dor, adota posições confortáveis, quer durante as contrações quer na altura do nascimento do bebé, e coloca-se em posições mais verticaisajudando à descida do bebé, estas são as suas grandes armas neste tipo de parto.

Fale com a equipa que a assistir, caso queira parir em meio hospitalar, lembre-se apenas que os profissionais estão lá para ajudar e farão tudo para que o parto ocorra como deseja. Qualquer alteração de planos ser-lhe-á comunicada, para que conscientemente possa tomar uma decisão.

Não se esqueça, o casal é a figura central deste processo, e o parto deve ser vivido intensamente, de modo a torná-lo numa experiência positiva para pais e bebé.


Por Susana Carvalho de Oliveira
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Parteira de profissão e de coração desde 2011. Impulsionadora e diretora do projeto VouNascer. Desde 2006 que trabalha na área de obstetrícia, primeiramente no internamento de obstetrícia de um hospital privado, da área da grande Lisboa, e atualmente no bloco de partos e urgência obstétrica de um hospital público. É também conselheira em aleitamento materno reconhecida pela OMS/UNICEF, reflexologista na área da gravidez e parto, e co-autora do Método Nova-Génese. Empreendedora e dedicada de natureza. Tem 2 filhos rapazes que todos os dias lhe recordam as alegrias da maternidade.