E Depois da Cesariana?

A cesariana é um intervenção cirúrgica e obviamente os procedimentos são necessáriamente diferentes dos do parto vaginal. Depois de terminada a intervenção sairá do bloco operatório, mas e depois? Será que pode logo amamentar, será que se pode levantar?

Finalizada a intervenção cirúrgica há uma diferença, em relação ao parto vaginal, que salta imediatamente à vista: o penso operatório. Este penso é apertado, para fazer compressão de forma a evitar hemorragias, e funciona quase como uma cinta pós-parto, dependendo do médico, pode ser só refeito no dia da alta.

Após a saída do bloco operatório, e pela natureza interventiva deste tipo de parto, de seguida será transferida para o recobro, uma sala em que estará com outras recém-mamãs sob a vigilância do enfermeiro, e ficará monitorizada com a braçadeira da tensão arterial, oxímetro para avaliar a oxigenação sanguínea e uns elétrodos para avaliarem o batimento cardíaco. Aqui permanecerá cerca de duas horas e poderá, assim que se sentir capaz, amamentar o seu bebé. É provável que nesta fase o pai não possa estar presente, pois o o ambiente tem de ser calmo e protegido.

Antes de ir para o quarto, a enfermeira do bloco de partos, fará uma avaliação geral do bem-estar da mãe e do bebé. Caso a mãe e o bebé se encontrem bem, ambos serão transferidos para o quarto do internamento, mas a mamã, como foi submetida a uma intervenção cirúrgica irá com soro, cateter epidural, caso tenha feito anestesia epidural, e algália (tubo que vai até à bexiga e serve para drenar a urina).

Este é o segundo momento porque os pais anseiam, estarem novamente juntos e apresentar o seu rebento à família. Normalmente os hospitais têm um horário e um número de visitas instituído, que poderá saber antecipadamente, assim o papá poderá fazer a gestão das visitas e evitar dias estafantes para a mamã e para o bebé.

Já no internamento será recebida por uma enfermeira que lhe explicará a dinâmica do serviço e as rotinas, tais como: quando o bebé tomará banho, o horários e regras das visitas, quando poderá comer e levantar-se, entre outras. Todos os dias as enfermeiras farão palpação do útero da mãe, monitorização das perdas de sangue, como está a correr a amamentação, ensinar-lhe-ão a dar o banho ao bebé, entre outras situações que precisem de ser avaliadas.

Consoante a maternidade em que tiver o seu bebé, os procedimentos podem apresentar ligeiras diferenças, mas de uma maneira geral, levantar-se-á, sempre com a ajuda de uma enfermeira, cerca de 10-12 horas após o parto, manterá o cateter epidural durante 12 a 36 horas para fazer medicação para as dores e a algália e o soro serão retirados entre 6 a 12 horas depois do parto. A alimentação inicia-se só com líquidos entre 4-6 horas e só depois é que terá direito a uma refeição “normal”.

Normalmente a alta hospitalar é dada entre 48 a 72 horas após o bebé nascer, no entanto caso exista alguma alteração que necessite de uma maior vigilância, a equipa médica pode propôr-lhe prolongar o internamento.

Depois da chegada a casa existem alguns cuidados extra que deve ter, após a cesariana:

  • Dirija-se ao centro de saúde para fazer o penso operatório, com a carta da alta do hospital, e se necessário retirar pontos;
  • Não se esqueça de marcar a consulta de revisão do pós-parto passadas 4 a 6 semanas do parto;
  • Pode iniciar exercício fisíco, específico para mamãs, passadas 6 semanas;
  • Evite esforços abdominais pelo menos no 1º mês, carregar a cadeirinha de transporte ou pegar em pesos;
  • Iniciar contraceção, segundo prescrição médica, para evitar uma nova gravidez.

Por Susana Carvalho de Oliveira
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Parteira de profissão e de coração desde 2011. Impulsionadora e diretora do projeto VouNascer. Desde 2006 que trabalha na área de obstetrícia, primeiramente no internamento de obstetrícia de um hospital privado, da área da grande Lisboa, e atualmente no bloco de partos e urgência obstétrica de um hospital público. É também conselheira em aleitamento materno reconhecida pela OMS/UNICEF, reflexologista na área da gravidez e parto, e co-autora do Método Nova-Génese. Empreendedora e dedicada de natureza. Tem 2 filhos rapazes que todos os dias lhe recordam as alegrias da maternidade.