Como Evitar a Gravidez Após o Parto

Proteger-se contra uma nova gravidez, no período do pós-parto, é fundamental para que dê tempo ao seu corpo para recuperar, e o facto de estar a amamentar não é suficiente para garantir que não volta a engravidar.

Após uma gravidez o corpo da mulher, mais especificamente o útero, necessita de tempo para retomar a sua posição habitual e recuperar dos 9 meses que passaram. Para isso, é importante que não volte a engravidar, pelo menos durante um ano, caso tenha tido um parto vaginal, ou durante 2 anos, caso tenha feito cesariana.

É consensual que, após o parto, enquanto a mulher mantiver perdas sanguíneas, que habitualmente têm uma duração de 2 a 3 semanas, haja abstinência sexual. Após o cessar destas perdas, caso o casal esteja disponível, a vida sexual pode ser retomada.

Para evitar uma nova gravidez é necessário usar métodos contracetivos, no entanto, pelo facto de amamentar não é recomendável que os faça indiscriminadamente, pois estes podem secar o leite.

Os métodos contracetivos dividem-se em 4 categorias: naturais, locais/barreira, hormonais e cirúrgicos.

Métodos Naturais

Os métodos naturais implicam um conhecimento profundo do ciclo menstrual da mulher, prévio à gravidez, através da temperatura, do muco cervical e/ou do calendário. Deste modo é possível identificar o período fértil e não fértil da mulher. No entanto, se não obteve este conhecimento antes de engravidar, será um método muito falível.

coito interrompido é outro método, mas também muito pouco eficaz, devido à presença de espermatozóides na uretra masculina mesmo antes da ejaculação.

O chamado Método da Amenorreia Lactacional (LAM) tem uma eficácia de 98% (idêntico a outros métodos contracetivos), no entanto, para que possa ser utilizado como tal, existem 4 condições que precisam de ser sempre respeitadas:

  • O bebé tem de ter menos de 6 meses;
  • O bebé tem de fazer pelo menos 7-8 mamadas durante as 24 horas;
  • A mãe não pode ter menstruação;
  • O bebé apenas pode mamar leite materno exclusivamente.

Caso algumas destas condições não se verifique, existe possibilidade de engravidar, pelo que deve adicionar outro método contracetivo.

Métodos Barreira/Locais

Pode utilizar os métodos contracetivos barreira/locais tais como: preservativo masculino ou femininodiafragmaespermicidas (embora este último seja de baixa eficácia) ou um DIU (dispositivo intrauterino) não hormonal que apenas pode ser colocado 6 semanas após o parto.

É importante referenciar que, os preservativos além de protegerem contra uma nova gravidez, protegem também de infeções sexualmente transmissíveis.

Métodos Hormonais

Os métodos contracetivos hormonais têm uma elevada eficácia, no entanto, estes não podem ser utilizados indiscriminadamente numa mulher que se encontre a amamentar, pelo risco de secar o leite. Por este motivo não poderá utilizar: o anel vaginal, o adesivo contracetivo e, mesmo a nível de pílulas, apenas poderá fazer uma que só contenha hormonas denominadas progestagénios.

As pílulas de progestagénio normalmente contém 28 comprimidos e não exigem uma pausa de 7 dias, como nas outras pílulas, por isso, quando terminar uma caixa começa outra no dia seguinte.

Ainda dentro dos métodos hormonais, pode fazer o método injetável de 12 em 12 semanas, colocar o implante subcutâneo, que tem a validade de 3 anos, ou um DIU apenas com progestagénios (caso este seja hormonal), que tem a validade de 5 anos, sendo que este último apenas pode ser colocado 6 semanas após o parto.

Métodos Cirúrgicos

Por fim, pode escolher os métodos cirúrgicos como: a laqueação de trompas (na mulher) e a vasectomia (no homem) que são métodos irreversíveis.

Agora que já sabe quais os métodos que pode utilizar, enquanto estiver a amamentar, escolha-o em conjunto com o seu companheiro. Fale com o enfermeiro ou médico para que possa namorar e desfrutar da sua sexualidade ao máximo, sem se preocupar se o leite seca ou se engravida novamente, pelo menos enquanto assim o desejar.


Por Susana Carvalho de Oliveira
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Parteira de profissão e de coração desde 2011. Impulsionadora e diretora do projeto VouNascer. Desde 2006 que trabalha na área de obstetrícia, primeiramente no internamento de obstetrícia de um hospital privado, da área da grande Lisboa, e atualmente no bloco de partos e urgência obstétrica de um hospital público. É também conselheira em aleitamento materno reconhecida pela OMS/UNICEF, reflexologista na área da gravidez e parto, e co-autora do Método Nova-Génese. Empreendedora e dedicada de natureza. Tem 2 filhos rapazes que todos os dias lhe recordam as alegrias da maternidade.