Não Quero Amamentar!

A decisão de amamentar é algo que deve ser pensado pelo casal logo durante a gravidez, mas para decidir é importante que saiba o que pesa em cada lado da balança.

Obviamente que a amamentação é insubstituível, como refere Chaves (2007:242) “a amamentação é uma prática milenar com reconhecidos benefícios nutricionais, imunológicos, cognitivos, económicos e sociais”. As vantagens que advêm do aleitamento materno traduzem-se numa redução significativa da mortalidade e morbilidade neonatal e infantil, para além de promover o crescimento e desenvolvimento da criança através de uma nutrição de alta qualidade como refere Giugliani (2000). Para a sociedade em geral parece ser natural e expectável que todas as mulheres queiram e devam amamentar, gerando sentimentos de culpa e recriminação, ou até de segregação perante mulheres que escolhem de maneira diferente, podendo facilmente levar a uma depressão pós-parto.

Para além das vantagens para o bebé, também a mãe beneficia da amamentação, pois as hormonas libertadas durante a mesma possibilitam o adiamento de uma nova gravidez, através do método da amenorreia lactacional, diminuem o risco de hemorragia pós-parto e de determinados cancros e ainda permitem um retorno mais rápido ao peso habitual, dado que a amamentação é das actividades que mais calorias consome. E ainda podemos nomear as vantagens ambientais, pois diminui o desperdício de biberões, tetinas e latas, e ainda vantagens económicas, manifestando-se, no geral, numa diminuição de 3,6 biliões de dólares em custos de saúde.

Mas ainda que cientes de todas estas vantagens há mulheres/casais que conscientemente e informadamente preferem não o fazer. Obviamente que a decisão de amamentar ou não, cabe em última análise ao casal, mais especificamente à mãe, pois grande parte do esforço recairá sobre os seus ombros. É importante que se informe e analise quais as vantagens e desvantagens de amamentar, qual o seu suporte familiar, social e financeiro, para que no fim tome uma decisão segura e fundamentada.

Em caso de necessidade contacte um profissional de saúde e exponha os seus medos e receios, por vezes estes podem ser infundados e pode ser feito um trabalho de suporte e apoio com a família para a ajudar a ultrapassar os seus receios.

Se mesmo assim a sua decisão for não amamentar exponha o seu desejo à equipa que a assistir na maternidade, eles irão reforçar as vantagens do aleitamento materno para garantir que se encontra informada e terão de respeitar a sua decisão. No final o que mais importa é que você esteja bem com a sua decisão e não se sentir coagida ou contrariada a tomar uma decisão diferente, pais que se encontram bem física e psicológicamente têm bebés saudáveis e felizes.


Por Susana Carvalho de Oliveira
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Parteira de profissão e de coração desde 2011. Impulsionadora e diretora do projeto VouNascer. Desde 2006 que trabalha na área de obstetrícia, primeiramente no internamento de obstetrícia de um hospital privado, da área da grande Lisboa, e atualmente no bloco de partos e urgência obstétrica de um hospital público. É também conselheira em aleitamento materno reconhecida pela OMS/UNICEF, reflexologista na área da gravidez e parto, e co-autora do Método Nova-Génese. Empreendedora e dedicada de natureza. Tem 2 filhos rapazes que todos os dias lhe recordam as alegrias da maternidade.