Vamos Adotar!

“Vamos adotar!” Esta parece ser uma decisão fácil. Contudo, tem muitas perguntas, dúvidas e etapas que só podem ser respondidas pelos seus principais intervenientes. O casal ou a família monoparental e os técnicos da Segurança Social.

Ser­-se pai, ter um filho, é como fazer uma tatuagem na cara. Temos de ter realmente a certeza. Deve ser planeado.

Seja de que maneira for, ter um filho é entregar-­se de coração a alguém. Passar a viver e a respirar para alguém muito maior que nós. Descobrir uma nova forma de amor nunca antes sentida. Descobrir o que É o amor.

Adotar uma criança parece fácil. Há que tomar a decisão, falar com a família e os amigos, entregar os papéis na Segurança Social e esperar pelo dia em que o telefone toca. Se olharmos para este processo todo de uma forma muito superficial, basicamente é isto. Mas na realidade… é muito mais.

Vamos Então Ver Por Partes

Tomar a decisão. Porquê? Porquê optar pela adoção? Não podem ter filhos? Não querem ter filhos biológicos mas querem ser pais? Já têm filhos e querem adotar no intuito de ajudar uma criança menos afortunada? As razões podem ser muitas e só ao casal, em princípio, dizem respeito. Por isso, se for familiar, amigo ou vizinho e o informarem desta decisão, tenha tato ao partilhar a sua opinião. Se pretende ajudar de alguma forma o casal seja delicado.

Há muitas perguntas a fazer, mas essa, só o casal pode responder. Se pretende adotar tire todas as suas dúvidas e receios com os técnicos da Segurança Social, mas estejam seguros da vossa decisão. Porque querem adotar? Façam a vocês mesmos todas as perguntas, sem medos. Estamos preparados para o fazer? Estamos preparados para todos os comentários e olhares que nos vão dirigir? Que criança queremos adotar? Que idade, mínima e máxima deve ter a criança? Queremos adotar um menino ou menina, ou tanto faz? Queremos adotar uma criança caucasiana, negra ou mestiça? Todas as questões inerentes ao vosso filho são pertinentes e legitimas de serem colocadas. Lembrem­-se que mais tarde irão falar sobre elas com os técnicos da Segurança Social, e têm de estar muitos seguros e convictos do que decidiram.

Não tenha medo de fazer estas perguntas a si e ao seu companheiro/a. Pensem nos prós e contras de todas as hipóteses. Acima de tudo sejam verdadeiros e conscientes convosco próprios. Ninguém os vai ou pode julgar por pôr as “cartas na mesa”.

Depois de terem decido quais as características que o vosso filho/a deve ter. Decidam por que tipo de adoção querem optar. Pela adoção plena, pela adoção restrita ou pela adoção internacional?

Se optarem pela adoção plena saibam que: a criança que chegar à vossa casa torna­-se vosso filho e passa a fazer parte da família, para todos os efeitos legais. Ou seja, tem os mesmos direitos que um filho biológico. Corta relações com a família biológica.

Deixa de ter os apelidos da família de biológica para passar a ter os da família adotante. Pode mesmo, se for desejo dos pais e da criança, mudar de nome próprio. Em suma a adoção plena é definitiva e não pode ser revogada por nenhuma das partes.

No caso da adoção restrita existem diferenças. Aqui, mantêm as relações, direitos e deveres para com a família de biológica (salvo algumas restrições previstas na lei). Mantêm um ou mais apelidos da família biológica, mas também pode passar a ter os apelidos da família adotante.

Pode ainda ser revogada a qualquer momento. Mas pode também, ser convertida em adoção plena a pedido dos adotantes e desde que devidamente justificada.

Seja por qual das delas optarem, tirem todas as suas dúvidas com os técnicos da Segurança Social. Eles melhor do que ninguém são quem pode ajudar.

Se optar pela adoção internacional saibam que esta é talvez aquela em que devem estar mais bem informados. Para que possa existir uma adoção internacional têm de saber em primeiro lugar quais os países com os quais Portugal coopera.

A avaliação para este processo é muito semelhante às anteriores contudo, aqui há que ser avaliada a aptidão dos candidatos para lidar com questões étnicas, religiosas, costumes e língua de forma a facilitar a integração da criança no seio familiar. Há também, que ter em conta também as formalidades burocráticas de ambos os países.

O melhor, seja qual for a vossa escolha é sempre informarem­-se diretamente com os técnicos da Segurança Social.

Depois de tudo estruturado, marquem então a data para a reunião de entrega do processo com os técnicos.

É então nesta altura que começa o processo mais burocrático. Levem tudo preparado, tenham convosco todos os documentos solicitados e necessários. Muitas questões e dúvidas irão surgir ao longo do tempo, quer antes quer depois de entregarem o processo. Tomem nota de todas elas e sempre que se encontrarem com os técnicos responsáveis coloquem-­nas.

No dia da entrega do processo vão confiantes, saibam o que querem e não tenham medo de o dizer. Este marca o primeiro dia da vossa “gestação” esperemos que no final tenham uma “hora pequenina”.


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Por Clara Martins
Mãe Adotiva e Blogger
Lutou durante vários anos para ser mãe, e finalmente conseguiu o filho que sempre desejou, pensa agora em colocar um novo processo de adoção para ter a sua família completa. Autora do blog Um Dia a Casa Vem Abaixo que retrata o dia a dia da maternidade, quotidiano e endometriose, vale a pena seguir!